ONG
adverte: novas leis podem criminalizar a liberdade de expressão no Brasil
Publicado por Folha Política
"As novas propostas legislativas sobre
'terrorismo' e 'desordem', que estão sendo discutidas no Congresso Nacional,
põem em risco liberdade de expressão e o direito à reunião pacífica. Os novos
'crimes' podem ser utilizados para criminalizar cidadãos que comparecerem aos
protestos."
O alerta é da ONG defensora dos direitos humanos
mais influente do planeta, a Anistia Internacional. Devido à sua relevância,
transcrevo-a na íntegra:
"A proposta legislativa PL 499/2013, que define
o crime de 'terrorismo' para a
legislação criminal brasileira, está em vias de ser votada no Senado. A maneira
como 'terrorismo' é definido por meio dessa proposta é extremamente vaga e por
isso pode ser utilizada para ilegalmente restringir direitos humanos: 'Provocar
ou infundir terror ou pânico generalizado mediante ofensa ou tentativa de
ofensa à vida, à integridade física ou à saúde ou à privação da liberdade de
pessoa'.
Outra proposta em discussão seria a tipificação do
crime de 'desordem', com o objetivo de controlar protestos em geral. A atual
proposta, de forma geral, define "desordem" de maneira vaga e contém
artigos que poderiam ensejar a criminalização de quaisquer cidadãos que
estiverem participando de uma manifestação pública, até mesmo se eles não
estiverem envolvidos com atos ilegais. Ela proíbe também o uso de máscaras
durante ou imediatamente após manifestações públicas, protestos e reuniões.
Tanto em junho de 2013, durante a Copa das
Confederações, quanto em outubro de 2013, durante a greve dos professores,
centenas de milhares de pessoas fizeram parte de maciços protestos, espalhados
por todo o país. Os protestos foram duramente reprimidos pela polícia, que se
utilizou excessiva e desnecessariamente da força em muitos casos, assim como algumas
vezes deteve manifestantes ilegalmente.
Isso levou ao aumento da violência e dos confrontos
com a polícia, durante os quais diversas pessoas foram feridas. As leis já
existentes que têm sido utilizadas para imputar crimes a participantes de
protestos, como a Lei de Organizações Criminosas e a Lei de Segurança
Nacional, serviram para que diversas pessoas fossem criminalmente
acusadas por nada mais do que o exercício legal do direito humano à
participação pacífica em protestos.
As novas propostas legislativas são de conteúdo
vago e apresentam um claro e imediato risco de promover a criminalização de
manifestantes pacíficos e de seus direitos à liberdade de expressão e à reunião
pacífica. Para que sejam legais, propostas de leis que restringem os direitos
de liberdade de expressão e de manifestação pacífica devem ser formuladas com
suficiente precisão a fim de que permitam que as pessoas regulem suas condutas
de acordo com as mesmas, e não podem permitir irrestrita discrição para os
responsáveis por sua aplicação.
Por favor, escreva imediatamente em inglês,
português ou em seu idioma:
exortando o Senado brasileiro a rejeitar a proposta
da PL 499/2013 que define o crime de 'terrorismo';
exortando o
Congresso brasileiro a não aprovar nenhuma lei referente aos crimes de
'terrorismo' e 'desordem' que se utilize de termos que possam criminalizar os
direitos à liberdade de expressão e manifestação pacífica; e
clamando ao
governo brasileiro que tome as medidas apropriadas a fim de garantir que os
diretos à liberdade de expressão e de manifestação pacífica sejam garantidos,
sob o espectro da Constituição Brasileira, incluindo a segurança dos manifestantes."
Observações:
Eis os endereços virtuais das autoridades (Renan
Calheiros e Aloizio Mercadante) para as quais a Anistia Internacional pede que
sejam enviadas tais mensagens: renan.calheiros@senador.gov.br ou
@renancalheiros; e casacivil@presidencia.gov.br ou @CasaCivilBR.
Celso Lungaretti
Congresso em Foco
Editado por Folha Política
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