MPF vai investigar 'pontuação' do Minha Casa, Minha Vida
A investigação foi aberta com base em
reportagens publicadas pelo "O Estado de S. Paulo" no final de
setembro, que mostraram líderes comunitários filiados ao PT à frente de 11 das
12 entidades selecionadas pelo governo Dilma Rousseff (PT). Após receberem os
repasses diretos, elas escolhem quem vai sair da fila da habitação em São
Paulo.
Os critérios não seguem apenas
padrões de renda, mas de participação política. Quem comparece a eventos como
protestos e até ocupações de prédios públicos tem mais chance de ganhar a casa
própria.
"Já comuniquei também a Caixa
Econômica Federal (CEF) para que nenhum novo contrato seja celebrado com
entidades que adotam critérios adicionais. O ministério também não pode delegar
uma competência que é normativa para as entidades. Isso abre brechas para
arbitrariedades, como a adoção de critérios como pontos em protestos",
afirma o procurador. "Essa transferência de responsabilidade é
completamente ilegal", completa.
De acordo com as regras atuais do
Minha Casa Minha Vida Entidades, os movimentos de moradia podem escolher até
três critérios adicionais, que devem ser aprovados em assembleia. Em São Paulo,
a maioria das instituições implementou uma escala de pontos para definir quais
associados terão prioridade na fila da habitação - todos, no entanto, ainda
precisam seguir o critério básico, que é ter renda familiar bruta máxima de R$
1,6 mil.
No sistema de pontos, participar de
reuniões, audiências e até ocupações de prédios e espaços públicos rendem
vantagens. Segundo a reportagem apurou, cada movimento desenvolveu seu próprio
sistema de contagem oficial.
Um ano
Na média, contudo, as entidades com
contratos assinados com o Minha Casa Minha Vida Entidades afirmam que é preciso
militar por pelo menos um ano para ter as chances elevadas de obter uma casa
própria. Nesse período, além de participar de eventos, é preciso também pagar
as mensalidade em dia. Inadimplentes ficam fora da lista. Os valores não seguem
padrão - variam de R$ 9 a R$ 50, mais a taxa de adesão.
O procurador da República Pimenta
Oliveira ressalta que o programa já define quem deve ter prioridade na fila,
como deficientes físicos e famílias que vivem em áreas de risco. "Só que
essa responsabilidade de fazer a escolha dessas pessoas que deveriam receber
prioridade agora é feita pelas entidades. Quem deveria fazer essa priorização é
o Ministério das Cidades."
Em entrevista ao jornal O Estado de
S. Paulo, o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP), disse que as
entidades não podem adotar critérios políticos e que vai apurar as informações
relatas.
Já a Caixa Econômica Federal informou
que é apenas instituição financeira executora do programa e, por isso, não
possui competência para definir critérios para as entidades. A CEF disse que,
"em caso de recomendação do Ministério Público Federal, o banco
direcionará (a questão) para as autoridades competentes". As informações
são do jornal "O Estado de S. Paulo".
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