Presidente do TRF-1 autoriza retomada das obras de Belo Monte
Desembargador
Mário Cesar Ribeiro suspendeu efeitos de decisão liminar. Empreendimento havia
sido interrompido por ordem da Justiça Federal.
Relator do processo, o desembargador federal
Souza Prudente havia acolhido o pedido do Ministério Público Federal (MPF) para
que o empreendimento fosse interrompido até que se cumprissem as determinações
previstas na licença prévia.
Diante da proibição de dar andamento às obras
e à retirada da vegetação, a Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu à
presidência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região para tentar cassar a
liminar de Souza Prudente. Os procuradores federais alegaram no recurso que já
haviam sido cumpridas as exigências relativas a infraestrutura, saneamento,
saúde e educação previstas na licença prévia de instalação do empreendimento.
Em seu despacho, o presidente do TRF-1 sequer
chegou a analisar o mérito do processo. O magistrado recorreu a uma questão
regimental para autorizar a retomada das obras da usina. Segundo Ribeiro, seu
antecessor na presidência do tribunal, desembargador Olindo Menezes, já havia
suspendido liminar concedida, em 2011, pela Justiça Federal do Pará que cassou
temporariamente o licenciamento ambiental da usina hidrelétrica.
Em razão desta decisão anterior, destacou
Ribeiro, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado (decisão definitiva) do
processo, somente a Corte Especial do TRF-1, o Superior Tribunal de Justiça
(STJ) ou o Supremo Tribunal Federal (STF) poderiam ter concedido nova liminar
para suspender as atividades do empreendimento energético do Pará.
“Assim sendo, a decisão proferida,
monocraticamente, pelo relator da ação cível não tem, data venia, o condão de,
sob pena de usurpação de competência da Corte Especial, afastar os efeitos da
decisão proferida nos autos da Suspensão de Liminar ou de Antecipação de
Tutela, que permanece higida e intangível até que ocorra o trânsito em julgado
na ação civil pública”, escreveu Mário Cesar Ribeiro.
Em nota divulgada nesta quarta, a empresa
Norte Energia, responsável pelas operação da hidrelétrica, informou ter
retomado as atividades do empreendimento em Vitória do Xingu.
“A Norte Energia, responsável pela construção
e operçaão da Usina Hidrelétrica Belo Monte, informa que as atividades nas
obras da Usina estão em pleno funcionamento. A continuidade das obras está de
acordo com a decisão proferida pelo presidente do TRF 1ª Região, Mário Cesar
Ribeiro”, informou a companhia.
Batalha judicial
O empreendimento hidrelétrico de Belo Monte
já havia sido paralisado no ano passado por ordem da Justiça. Em agosto de
2012, o próprio TRF-1 determinou a suspensão das obras a pedido do Ministério
Público Federal. No entanto, duas semanas depois, o então ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto concedeu liminar autorizando a
retomada das obras.
Em julho deste ano, a Justiça Federal do Pará
negou pedido de liminar do Conselho Indigenistas Missionário que pretendia
interromper as obras da hidrelétrica. A entidade alegava que projetos de
geração de energia dentro de terras indígenas deveriam ser executados somente
depois da elaboração de leis específicas sobre o assunto.
À época, o juiz Marcelo Honorato negou a
liminar com o justificativa de que a paralisação da obra “atentaria” contra a
ordem e a economia do país. Além disso, o magistrado considerou que os
procedimentos para o licenciamento ambiental estavam corretos.
Obra polêmica
A usina hidrelétrica de Belo Monte está sendo
construída no rio Xingu, no Pará. Segundo a Norte Energia, o custo total do
empreendimento é R$ 25,8 bilhões.O projeto sofre oposição de ambientalistas,
que consideram que os impactos para o meio ambiente e para as comunidades
tradicionais da região, como indígenas e ribeirinhos, serão irreversíveis.
A obra também enfrenta oposição do Ministério
Público Federal, que alega que as compensações às comunidades atingidas pela
hidrelétrica não estão sendo feitas da forma devida. Para os procuradores da
República, Belo Monte pode gerar um problema social na região do Xingu.
Por: Filipe
Matoso
Fonte: G1
Fonte: G1
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