Sema avalia impactos de projeto de lavra de ouro no Rio Xingu
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Trecho da Volta Grande, próximo da Aldeia Pakisamba |
A Secretaria de
Estado de Meio Ambiente (Sema) recebeu na quarta-feira (21) o Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) do projeto Volta Grande do Xingu, a ser implantado no Rio Xingu
pela empresa Belo Sun Mineração Ltda. O estudo faz parte do pedido de
licenciamento ambiental do empreendimento. Segundo José Alberto Colares,
secretário de Estado de Meio Ambiente, é importante inspecionar o local do
projeto, para verificar as instalações e, se necessário, fazer uma auditagem
com o Ministério Público Federal (MPF). “É necessário analisar todas as medidas
de segurança e fazer uma avaliação geral do projeto, para evitar erros”, frisou
o secretário.
A Belo Sun Mineração Ltda. é uma subsidiária
da canadense Belo Sun Mining Corporation, pertencente ao grupo Forbes &
Manhattan Inc. A empresa detém autorização do Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM) para pesquisa mineral na região da Volta Grande do Xingu, e
aguarda a emissão de licença ambiental para implantação do maior projeto de
lavra e beneficiamento de ouro do país.
A mineradora apresentou os estudos à Sema,
com o objetivo de instalar o empreendimento a 10 quilômetros de distância da
barragem principal da Hidrelétrica de Belo Monte, e a 9,5 km da Terra Indígena
(TI) Paquiçamba. Em 11 anos de exploração, o projeto da Belo Sun deve retirar
37 milhões de toneladas de ouro na região.
Representantes do governo estadual e da
empresa também analisaram as áreas de influência do projeto e a barragem a ser
implantada pela empresa para evitar acidentes.
Os representantes da Belo Sun abordaram ainda
a utilização da Rodovia Transurini, única estrada de acesso ao empreendimento,
mas que não tem licença ambiental. Caso a Transurini seja licenciada, será
incluída na área de influência do projeto. Eles debateram ainda o projeto da
Hidrelétrica de Belo Monte e os impactos sobre os povos indígenas.
O objetivo da reunião foi discutir os pontos
principais do Projeto Volta Grande, como os impactos ambientais, os impactos
aos povos indígenas, o conteúdo do EIA, o licenciamento da Transurini, as áreas
de influência do empreendimento, as medidas de avaliação e segurança do
projeto, o estudo ambiental e a emissão da licença prévia pela Sema.
Participaram da reunião integrantes da
Gerência de Projetos de Mineração e da Consultoria Jurídica da Sema,
representantes da empresa Belo Sun, do Instituto Brasileiro de Mineração
(Ibram), da Procuradoria Geral do Estado (PGE), do Ministério Público Federal
(MPF), da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom, e de
outros segmentos interessados.
Fonte: Agência
Pará de Notícias
MPF recomenda à Secretaria de Meio Ambiente do PA que não licencie
mineração de ouro no Xingu
Até agora, o licenciamento não incluiu a participação das comunidades indígenas e nem os estudos de impacto sobre os índios. MPF também cobra avaliação de impactos sinérgicos com Belo Monte
Até agora, o licenciamento não incluiu a participação das comunidades indígenas e nem os estudos de impacto sobre os índios. MPF também cobra avaliação de impactos sinérgicos com Belo Monte
Em duas recomendações enviadas essa semana à
Secretaria de Meio Ambiente do Pará, o Ministério Público Federal alerta que é
irregular a concessão de licença prévia para o projeto de extração de ouro Belo
Sun Mineração no atual estágio do licenciamento. O empreendimento pediu licença
para extrair ouro na volta grande do rio Xingu, mesmo local em que o rio está
sendo desviado pelas obras da usina de Belo Monte.
O MPF recomendou ao secretário José Alberto
da Silva Colares que nenhuma licença seja concedida enquanto não forem feitos
estudos de impacto e consultas aos povos indígenas. E também que é
imprescindível uma avaliação sinérgica, ou seja, dos impactos da mineração
acumulados com os impactos da usina, antes de atestar a viabilidade da
mineração.
“Até o presente momento, o processo de
licenciamento do Projeto Volta Grande de mineração se deu à margem da
participação das comunidades indígenas da região, bem como do órgão
indigenista”, diz uma das recomendações. “A Funai manifestou-se formalmente
sobre a necessidade de realização do estudo indígena que, além dos parâmetros
usuais de análise, deverá realizar uma análise sinérgica com a usina Belo
Monte”, informam as procuradoras da República Thais Santi e Meliza Barbosa.
De acordo com o projeto da Belo Sun, trata-se
da maior mina de ouro do Brasil, com previsão de exploração durante 12 anos.
Encontra-se quase 100% dentro da área de impacto de Belo Monte e, de acordo com
o parecer da Funai, deve potencializar e agravar os impactos da usina. Para o
MPF, o direito constitucional dos indígenas à consulta prévia, livre e
informada precisa ser respeitado antes de qualquer licença.
A segunda recomendação trata da fragilidade
da região da volta grande do Xingu, brutalmente impactada pela usina de Belo
Monte. A dimensão dos danos causados pela usina – que deve reduzir em mais de
70% o volume de água do rio – são de tal monta que nem o Ibama foi capaz de
dimensioná-los durante o licenciamento. “Reconhecendo a impossibilidade de
prognóstico seguro sobre o que virá a ser a volta grande do Xingu, o Ibama
impôs a necessidade de um rigoroso monitoramento por seis anos”, relata a
recomendação do MPF.
Apesar dessa realidade, durante a audiência
pública que discutiu o projeto da Belo Sun Mineração, representantes da empresa
afirmaram diversas vezes que as operações de extração de ouro “não interferem
com a vazão do rio Xingu” ou que “não temos nenhuma influência nisso”. Para o
MPF, o secretário do meio ambiente do Pará não pode aceitar tais afirmações
como verdade e devem ser feitos estudos detalhados para dimensionar os impactos
acumulados dos dois empreendimentos.
O que o MPF recomenda é que, antes de
qualquer atestado de viabilidade “seja avaliado se a fragilidade imposta pela
usina de Belo Monte à região da volta grande do Xingu permite a presença de
mais um grande empreendimento na região, especialmente daqueles que promovem
deslocamento populacional, manuseio intensivo de substâncias poluentes e
reconhecido impacto ambiental”
As recomendações foram enviadas no último dia
21 de janeiro e o secretário José Alberto Colares. As procuradoras solicitaram
ainda a realização de audiência pública na cidade de Altamira sobre o projeto
Belo Sun.
Fonte: MPF –
Ministério Público Federal
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